Por que ficamos vermelhos de vergonha?


Por María Jesús Ribas / EFE


Alguma vez você ficou "vermelho como um tomate"? Quando era criança, algum adulto disse que deveria ficar vermelho de vergonha? A maioria das pessoas passa por esta experiência que, apesar de ser tão comum e natural, os cientistas ainda não conseguem explicar.
Segundo o doutor Frans de Waal, professor de comportamento de primatas da Universidade de Emory, nos Estados Unidos, os seres humanos "são os únicos primatas" que ficam vermelhos, e a teoria da evolução de Charles Darwin não oferece uma resposta que explique o rubor facial das pessoas.

O catedrático americano afirma que ficamos vermelhos em resposta a situações embaraçosas ou quando nos surpreendem dizendo uma mentira, mas ainda não se sabe "o motivo de precisarmos de um sinal tão óbvio para comunicar estes sentimentos".
"Não somos a única espécie capaz de mudar de cor, já que a lula faz isso, da mesma forma que outros animais quando sofrem estresse ou devido a um processo hormonal, mas os seres humanos são os únicos que mudam de cor como uma forma de expressão, que, além disso, é involuntária", disse o pesquisador.
Segundo o especialista, o rubor poderia ser um sinal através do qual tentamos comunicar a outras pessoas que estamos conscientes do impacto de nossas próprias ações, que nos interessa cooperar com os outros e nos preocupamos com a honestidade.
Para De Waal, o rubor continua sendo um grande mistério, principalmente porque é uma expressão que não oferece nenhuma vantagem. Mesmo quando não queremos mostrá-lo, e inclusive quanto mais tentamos controlar, mais ficamos vermelhos.
Quando a pele fica vermelhaQuando ficamos vermelhos, os vasos sanguíneos da pele dilatam e permitem que mais sangue flua para a área que irrigam, o que faz com que o rosto fique avermelhado.
O avermelhamento súbito do rosto pode chegar a se transformar em um sério problema para determinadas pessoas.
Há indivíduos que desenvolvem um rubor facial exagerado diante de várias situações cotidianas, o que pode acabar impedindo essas pessoas de ter uma vida pessoal e profissional normal.
Nestes casos, aconselha-se um acompanhamento médico que pode consistir em um tratamento dermatológico ou em uma abordagem psicológico-condutual ou, inclusive, psiquiátrica.
No entanto, nas manifestações mais extremas, nas quais o problema não diminui, apesar dos tratamentos frequentes, o rubor facial pode ser corrigido através de cirurgia.
"O índice de sucesso da técnica cirúrgica supera 80% dos casos operados", afirma o doutor Carlos García Franco, especialista em cirurgia torácica da Clínica Universitária de Navarra, na Espanha.
"Uma pessoa tem rubor facial patológico quando ocorre um avermelhamento brusco do rosto sem que exista nenhuma circunstância aparente que justifique, o que gera no paciente uma séria limitação social", descreve o médico.
Os fatores desencadeadores costumam ser situações que provocam estresse, como falar em público, medo de ser observado ou de permanecer em companhia de outras pessoas, temor de diversas situações, inclusive, do próprio rubor.
A técnica para tratar o rubor facial consiste em fazer duas incisões em cada lado do tórax, por onde se introduz uma óptica que permite localizar a cadeia simpática, "que é a que controla a sudoração e o rubor facial", descreve o especialista.
Após localizada a cadeia simpática, o cirurgião deve seccioná-la na altura do segundo gânglio simpático. A cirurgia costuma durar uma hora, requer anestesia geral e internação de 24 horas. O paciente pode voltar às atividades normais após uma semama.

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