Inverno pode facilitar propagação de gripe suína no Hemisfério Sul

Surtos de gripe são mais comuns no inverno
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu a governos de países do Hemisfério Sul que monitorem de perto novos surtos de gripe com a chegada do inverno à região, preocupada com uma potencial propagação da gripe suína. Nesta quarta-feira, a OMS informou que já foram confirmados 1.516 casos de gripe suína em 22 países. Apenas um deles, no entanto - a Colômbia - fica no Hemisfério Sul.

"O inverno poderia, teoricamente, facilitar a propagação do vírus (H1N1), porque é a época em que, normalmente, há mais surtos de gripe", disse à BBC Brasil a porta-voz da OMS Hayatee Hasan.
Segundo Hasan, a organização pediu aos governos da região que monitorem de perto novos surtos e mantenham a OMS informada.

Vírus de inverno
Os vírus da Influenza (gripe) normalmente se propagam mais durante os meses de inverno porque podem sobreviver mais tempo na superfície graças às temperaturas mais baixas e à umidade.
Além disso, esta é uma época em que as pessoas se concentram mais em espaços fechados - também por causa da temperatura - o que também propicia a propagação.
Apesar de as autoridades mexicanas terem anunciado que os casos da doença começam a se estabilizar no país, especialistas temem que o vírus possa retornar com mais força nos próximos meses, quando começar a temporada regular de gripe no Hemisfério Norte, no terceiro trimestre do ano.
A OMS ressalta que, por ora, não há elementos novos que justifiquem aumentar para seis o nível de alerta - a fase mais alta da escala, que significaria oficialmente uma pandemia.
O nível de alerta poderia subir para seis se for confirmado o contágio prolongado em comunidades - entre pessoas que não tenham viajado para o México, ou que não tenham tido contato com pessoas que viajaram para o México - em pelo menos um país em mais de duas regiões da OMS.
Mas a organização ressalta que, mesmo que este alerta chegue ao nível seis, ele não necessariamente significa uma pandemia severa e lembra que as condições podem variar de país para país.
Segundo Hasan, "a OMS ainda está aprendendo sobre o vírus e estudando suas particularidades para poder estabelecer formas de controle".
Hemisfério sul
Para o médico argentino Amadeo Esposto, chefe do departamento de infectologia do Hospital San Martín, em Buenos Aires, "o verdadeiro desafio agora é ver o que pode ocorrer aqui no Hemisfério Sul".
"Não sabemos se a redução de novos casos no Hemisfério Norte se deve às medidas adotadas, ou se simplesmente atenuou-se a atividade do vírus porque já estaria em uma etapa de verão", disse Esposto à BBC Mundo.
"Portanto, o verdadeiro cenário do que pode ocorrer com o vírus vai ser avaliado aqui no sul."
"Neste momento, no Hemisfério Sul, a situação vai complicar a administração dos pacientes por conta da quantidade de consultas que supomos que vamos ter, principalmente por conta dos casos de influenza normais nesta época, mas que agora vão ser examinados como se fossem a gripe suína."

Pandemia em fases

O vírus H1N1 não parece ser agressivo e, fora do México, só provocou sintomas leves, parecidos com os de uma gripe comum. Os dois pacientes que morreram nos Estados Unidos também sofriam de outras complicações médicas.
A OMS, no entanto, afirma que é preciso permanecer alerta, monitorando novos casos - no momento, a organização investiga o aumento no número de casos na Espanha e Grã-Bretanha.
No passado, foi visto que vírus como este podem surgir na primavera, desaparecer no verão e retornar com muito mais força no outono.
"Devemos continuar vigiando a atividade ou inatividade deste vírus. E não podemos baixar a guarda", disse Gregory Hartl, porta-voz de doenças epidêmicas e pandêmicas da OMS.
"É possível que a atual atividade do vírus tenha chegado ao seu nível mais alto, mas passaram-se apenas 10 dias desde que o surto foi confirmado, portanto, é necessário esperar e observar o que vai ocorrer."
"Existe a possibilidade de que este vírus regresse nos próximos meses, especialmente nas temporadas de mais frio", afirmou Hartl.
Há evidências de que, no passado, pandemias como esta ocorreram em fases distintas. A primeira fase, dizem os especialistas, em princípio é benigna. Mas depois pode surgir uma segunda fase muito mais grave no outono e inverno.

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